É muito comum
ouvirmos queixas de amigos e pessoas próximas quanto ao fato do salário acabar
antes do final do mês. Esse fato, muitas vezes levado para o lado do bom humor
característico do brasileiro, na verdade representa um grave problema
financeiro para boa parte das pessoas.
A regra máxima e
mais abrangente da educação financeira defende que as pessoas respeitem
os limites de renda. A boa gestão muitas vezes pode ser resumida no
indispensável e óbvio hábito de gastar menos do que se ganha. É claro que
outras questões, como investir com inteligência ao longo no tempo, também fazem
enorme diferença.
5 erros que acabam com o seu dinheiro antes do fim do mês e como mudar
esse quadro
Analisando ao longo
do tempo algumas características das pessoas que passam por problemas
financeiros clássicos (o dinheiro do salário que cai na conta corrente e
rapidamente acaba), percebi que existem algumas razões a existência de tal
situação.
São padrões que se
repetem e muitas vezes não são percebidos por quem está envolvido na situação.
Dentro dessas diversas razões, cinco me chamaram especialmente a atenção e peço
espaço para compartilhá-las a partir de agora:
Erro 1: Consumismo por impulso
Em diversos
momentos da vida, percebemos que as pessoas tomam decisões de consumo erradas,
especialmente diante de situações de forte apelo emocional. É assim, por
exemplo, quando gastamos mundos e fundos quando descobrimos que um filho está a
caminho, quando decidimos de bate pronto, comprar um presente pra quem amamos
ou na hora de preparar a melhor festa de casamento possível.
Essas decisões com
aspectos puramente emocionais representam despesas que costumam ser altas – até
por isso são, na maioria das vezes, parceladas e passam a fazer parte dos
gastos das pessoas por um longo tempo.
Outro exemplo
típico de decisão de consumo tomada por forte apelo emocional é a troca de
carro. O brasileiro vê o carro como um bem posicional e essa relação de amor e
dívidas cria grandes problemas pra muita gente.
Recentemente, o
especialista Leandro Mattera chamou a nossa atenção para o
fato de nós, consumidores, estarmos endividados demais e entre as razões para
tanto chama nossa atenção para a facilidade da concessão do crédito para a
compra do carro. Leitura sugerida: Carros: o consumidor está endividado
demais?
Como mudar esse
quadro? Minha sugestão para quem percebe que é muito suscetível a tomar
decisões inesperadas e com forte apelo emocional é justamente dedicar mais
tempo para planejar melhor o que irá fazer com o dinheiro dentro do mês.
É fundamental
também criar, o mais rapidamente possível, uma estratégia para formação de
reservas (para emergências) e também para investir. A melhor alternativa é
sempre separar um percentual do salário para esse fim e não esperar o final do
mês para ver o que sobrou.
Erro 2:
Gastos desnecessários e desconhecidos
Ao analisarmos os
gastos das pessoas que nos contratam para o serviço de consultoria financeira,
especialmente a planilha de acompanhamento de gastos, é sempre fácil encontrar
valores consideráveis categorizados como “Outras despesas”, “Gastos Diversos”
ou simplesmente “Outros”.
O fato de não
categorizar devidamente os gastos faz com que não seja possível detectar para
onde o dinheiro está indo de fato. Com a experiência do trabalho, o fato de não
estar categorizado sinaliza que tratam-se de despesas muitas vezes
desnecessárias e que não estavam previstas dentro do orçamento. Bobagem, mesmo!
Como mudar esse
quadro? É fundamental acompanhar o orçamento doméstico de perto e tratar
fazê-lo da forma mais detalhada possível, pois dessa forma será muito mais
fácil definir o real padrão de vida e ajustar gastos para as diferentes
despesas que fazem parte da vida das pessoas.
Erro 3:
Ostentar e não seguir um padrão de vida só seu
Agora pouco falamos
sobre carros e volto ao exemplo do automóvel para exemplificar o que considero
um dos principais símbolos de ostentação no Brasil. Muita gente passou a
considerar uma pessoa bem-sucedida ao avaliar qual carro a pessoa está
dirigindo.
Muita gente decidiu
trocar de carro, buscando um modelo mais luxuoso, simplesmente porque não
aguentou ver os amigos de trabalho com carros novos e “melhores” que o seu.
Para não ficar “por baixo”, há quem se viu “obrigado” a comprar um novo carro,
afinal o velho sinalizava fracasso (?!).
Aqui o desfecho é
também semelhante ao do primeiro erro. Para poder bancar e desfilar sua
ostentação e “sucesso”, muita gente opta por financiar o carro com parcelas a
perder de vista. Muitas parcelas, somadas aos outros gastos que o carro traz, acabam
destruindo as finanças (e, mais importante, a família) de muita gente.
O exemplo do carro
pode ser substituído por imóveis, viagens sem planejamento para locais que são
mais caros porque estão na moda e por ai vai. Cuidado!
Como mudar esse
quadro? Viva a sua vida, definida por prioridades e necessidades suas e de
sua família e sem o peso das expectativas dos outros. Parece fácil, eu sei, mas
não é bem assim. Comece definindo as suas prioridades familiares e delas
estruture seu padrão de vida e orçamento doméstico.
Erro 4:
Não saber o que quer na vida
Alguém já disse que “quem
não sabe o que quer costuma se contentar com pouco”. Trata-se de uma
afirmação que tem a minha simpatia. Graças ao meu trabalho, tenho a
oportunidade de conhecer muitas pessoas de diferentes perfis. Aproveito a
chance para conversar e observar a forma como essas pessoas lidam com algo que
considero fundamental: a ambição.
Algumas pessoas
consideram que ambição é algo ruim, mas pensam assim porque frequentemente a
confundem com ganância. Eu considero que a dose certa de ambição é fundamental
para quem busca sucesso em qualquer parte da vida, e nas finanças isso também
acontece.
Tenho notado uma
característica surpreendente em muita gente que hoje passa por problemas de
ordem financeira: a maioria não sabe o que quer da vida; são pessoas que se
preocupam apenas com o hoje e abrem mão de planejar o futuro. Elas simplesmente
não têm prioridades.
São pessoas que não
sabem, por exemplo, diferenciar o longo do curto prazo. Tem gente que trata 12
meses como longo prazo e isso certamente é algo que acaba prejudicando o
planejamento financeiro e a conquista dos sonhos.
Vale lembrar que o
brasileiro teve sua expectativa de vida aumentada em 17,9% entre os anos de
1980 e 2013, passando de 62,9 anos (média) para 73,9 (média), de acordo com
Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
Como mudar esse
quadro? Ao viver mais, é importantíssimo levar em consideração, cada vez
mais cedo, a necessidade de programar a aposentadoria e a formação de poupança,
aceitando de uma vez por todas que a Previdência Social não terá condições
financeiras para arcar com as aposentadorias e benefícios das pessoas.
Ou seja, tenha um
Plano B para o seu futuro e comece a investir nele agora mesmo! A ideia não é
deixar de viver o presente, mas conscientizar-se de que definir prioridades e
planejar os próximos passos da vida e carreira tornarão as coisas mais simples.
A tendência é que os sonhos sejam alcançados (afinal, essa é a graça, certo?).
Erro 5:
Não estipular no orçamento valores para compras e lazer
No Brasil, um
fenômeno muito interessante acontece em muitas famílias. As pessoas passam um
período muito longo sem gastar com lazer e compras de uma maneira geral e
acabam, em uma única oportunidade, gastando muito e estourando todo o orçamento
para os meses (e anos) futuros.
Vejo nessa situação
dois aspectos: o primeiro é o represamento do consumo. Hoje, percebemos nos
comerciais e na mídia um assédio constante para aproveitar ofertas mirabolantes
de praticamente tudo, desde roupas, sapatos, oportunidades de viajar para
lugares inesquecíveis até comida congelada.
Quem não separa um
valor mensal adequado para esse tipo de gasto se torna muito mais vulnerável a
ceder aos encantos do consumo e normalmente quando o faz costuma “chutar o
balde”.
O segundo aspecto é
que a maioria dos gastos para despesas deste tipo são pagos através de cartão
de crédito. Os valores altos feitos sem planejamento logo chegam em casa na
forma de uma fatura, que algumas pessoas decidem pagar usando a opção do
rotativo do cartão (pagamento mínimo), modalidade que alcança juros superiores
a 200% ao ano, a partir daí a bola de neve começa a rolar e pra muita gente é o
começo de muitos problemas.
Como mudar esse
quadro? A melhor alternativa é destinar valores realistas para as despesas
com lazer e compras dentro do orçamento mensal. Agindo dessa forma, as
tentações de consumo serão dissipadas por meio do bom planejamento. Além disso,
se você não é bom no controle financeiro familiar, evite concentrar muitas
compras no cartão de crédito.
Conclusão
Nossa vida será
sempre definida pelas escolhas certas e erradas que fazemos, lembrando que o conceito de certo e errado é muito
subjetivo. Enquanto algumas pessoas decidem tomar decisões
baseando-se em estudo e planejamento, outras acabam se deixando levar por
opiniões pouco confiáveis ou por impulsos momentâneos.
O tempo passa e
passa muito rápido. Via de regra, quando deixamos uma oportunidade passar não
temos muitas vezes a chance de recuperá-la. Em relação às finanças, mesmo sendo
penalizados por decisões equivocadas, sempre é tempo de fazer diferente e
melhorar a gestão pessoal.
Começando adotando
modelos de decisão inteligentes, baseados em prioridades, necessidades, diálogo
familiar constante e levando em conta sempre o planejamento.
fonte:
http://dinheirama.com/blog/2014/07/29/5-erros-acabam-seu-dinheiro-antes-fim-do-mes/#sthash.stPp52re.dpuf
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